Sobre a autora


Paula Fábrio nasceu em 1970. É mestre e doutoranda em Literatura pela Universidade de São Paulo. Desnorteio [Ed. Patuá], seu primeiro romance, foi Vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013, na categoria estreante. Seu novo livro, Um dia toparei comigo (Foz), é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 e recebeu a bolsa de criação ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.


quarta-feira

Revista Celuzlose - número 2 - junho 2012




                Sobre a literatura brasileira contemporânea, tenho gostos e desgostos. Entre os gostos, destaco quem tem a seriedade nas mãos. Folheando a revista Celuzlose, parceria da Dobra com a Patuá, minha futura editora, fui agraciada com a leitura do enxutíssimo conto de Adriano de Almeida, que estreia na cena literária nacional com ares de quem vem para ficar.

                Talvez haja uma espécie de identificação quanto às preocupações que nos movem ao ato de escrever. Pelo título do seu texto, "Entulhos", e o que escolhi para o meu romance, Desnorteio, é possível demarcar a labuta por desvendar a vida e interrogar seus absurdos.

                No conto de Adriano, um professor passa os dias acumulando "despojos dejetos desejos entulhos. Tudo o que o tempo devolve, espumando imundas ondas", tentando escrever uma linha que seja de seu livro, envolto a pesadelos e à opressão de São Paulo. Malha que nos enreda na cidade e nos aproxima. E que também abriga o Nordeste, suas durezas e até mesmo Graciliano bicando nosso fígado. Caminho tortuoso, esse da escrita. Mas que afinal nos chega com "pedra sobre pedra", e nos faz leitores melhores que ontem.

                Além de Adriano, que rogamos logo venha seu primeiro livro, a publicação traz autores já conhecidos e outros ainda debruçados nos inícios de seus versos e prosas. Vou citar alguns talentos, sob a pena trágica da injustiça de deixar gente boa de fora, como Elisa Andrade Buzzo e Lilian Aquino. E para avançar um pouco mais, agora no terreno da teoria literária, Celuzlose também investe num excelente caderno crítico, com ensaios sobre Drummond, Mário de Andrade, além da seção Bio Vida & Obra, que nesta edição apresenta um breve panorama sobre Augusto dos Anjos, com alguns de seus poemas pontuando os acontecimentos de sua vida, num estudo direcionado pelos olhos cuidadosos do escritor e pesquisador Del Candeias.

                Mais não digo, com receio de tornar este post menos enxuto e revelador que o conto de Adriano de Almeida e de retirar a surpresa dos olhos de quem ler a revista.

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