Sobre a autora


Paula Fábrio nasceu em 1970. É mestre e doutoranda em Literatura pela Universidade de São Paulo. Desnorteio [Ed. Patuá], seu primeiro romance, foi Vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013, na categoria estreante. Seu novo livro, Um dia toparei comigo (Foz), é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 e recebeu a bolsa de criação ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.


sexta-feira

A máquina de fazer espanhóis

Simplesmente o melhor livro que li em 2011. Fechou um ciclo de leituras de modo muito intenso. Depois de ter entrado de cabeça em Levantado do chão, de Saramago, achava difícil ler um livro ainda mais interessante este ano.
 Abri as primeiras páginas dessa maluca Máquina de fazer espanhóis, do angolano valter hugo mãe, autor mais que recomendado pelo próprio Nobel português, e desmoronei como leitora. Tudo novo, a inovação do uso das minúsculas, o estilo enxuto bem moderno, mas com um vinco forte comprometido com o lirismo e o questionamento repleto de conteúdo dos anos oitenta e das décadas anteriores. Enfim, a emoção recuperada na literatura. Como há muito não se via na escrita atual. Com bem menos açúcar que a portuguesa Inês Pedrosa, é verdade. Mas com a inteligência lúcida de um país que parece começar a cair na real.
O livro conta a história do barbeiro silva, com oitenta e quatro anos, e sua estada num asilo para idosos. Nesse ambiente, não sem algumas aventuras, o senhor silva faz a revisão de sua vida. É aí que entendemos os embates atuais do povo português, seus complexos e a sua crise de identidade. Portugal teria virado uma fábrica de fazer espanhóis?
Mais que tudo, o livro nos leva a refletir sobre uma série de questões individuais, existenciais, e ao mesmo tempo coletivas, sociais. A leitura flui às maravilhas. E não é um best-seller, apesar de ter vendido como um. Por isso recomendo que incluam na bagagem destas férias essa máquina de fazer leitores.
Boas férias a todos, grandes leituras, um 2012 repleto de cultura para todos nós. E agora, neste blog e no facebook, só no ano que vem. Forte abraço.




Serviço:
A máquina de fazer espanhóis
valter hugo mãe
Cosac
Romance português
Prefácio e ilustração da capa por Lourenço Mutarelli.
2011, 256 pg.

Valter Hugo Mãe (1971) – o autor voltará a escrever seu nome em maiúsculas, segundo entrevista à Revista Cult 164.