Sobre a autora


Paula Fábrio nasceu em 1970. É mestre e doutoranda em Literatura pela Universidade de São Paulo. Desnorteio [Ed. Patuá], seu primeiro romance, foi Vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013, na categoria estreante. Seu novo livro, Um dia toparei comigo (Foz), é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 e recebeu a bolsa de criação ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.


sexta-feira

A peste

Eu li A peste em 2009 e até hoje algumas de suas passagens revelam-se tão presentes que me surpreendo. O interessante é que, na época da leitura, não dei grande valor a ele, havia acabado de sair da abundância estilística de Flaubert e Nabokov; mas aquelas cenas da cidade assolada por uma epidemia penetraram em mim de alguma maneira original e perene, que não me dei pelo fato a não ser agora, quase dois anos depois.
Assim como Saramago e outros autores que escarafuncharam o absurdo coletivo, Camus nos faz pensar na condição humana, aqui detalhada em cada personagem, no médico, no jornalista, nos policiais. Cada um ao seu modo vive a peste e lida com ela com a dignidade que lhe é possível.
A edição que tenho em mãos foi publicada pela editora Record, em 2007, e é um pouco pobrezinha porque não nos contempla com prefácio nem biografia de Camus, o que nos deixa mancos sobre sua relação com Sartre e o existencialismo, sobre sua origem argelina e muitos outros dados que sempre enriquecem a leitura; mas isso podemos pesquisar pela internet afora e não é o principal agora. Quem lê em francês pode procurar a edição da Gallimard, editora que está completando um século de atividade, com uma programação caprichada e um catálogo invejável (www.gallimard.fr). A propósito, sugiro também o filme Minhas tardes com Margueritte, que está em cartaz no Unibanco Augusta e traz belíssimas menções a Camus. Agora deixo vocês em boa companhia, com o doutor Rieux e seus amigos.

Serviço:
A peste
Albert Camus
Record
Romance francês
2007, 218 p.

Albert Camus (1913-1960)