Escolhi Xavier de Maistre para inaugurar este espaço por um motivo bem simples. Seu livro Viagem à roda do meu quarto está intimamente ligado ao título deste blog. E já que vamos fazer uma incursão, por que não sem sair do quarto? O leitor também pode experimentar essa façanha, levando em conta que a leitura de um livro pode ser feita toda lá, se assim lhe for mais agradável. Até porque dessa maneira é possível descansar o volume sobre o criado-mudo ao lado de outra obra-prima, como Memórias póstumas de Brás Cubas, por exemplo.
Xavier de Maistre foi um daqueles autores que mais influenciaram o nosso Machado. Isso já seria motivo suficiente para excursionarmos pelo seu livro. Mas Xavier nos dá mais. Além da linguagem, que é deliciosa e carregada de sacadas irônicas, o que mais chama a atenção é a atualidade desse romance. Publicado em 1794, Viagem à roda do meu quarto permanece original e, é claro, as conveniências de realizar uma viagem dessa amplitude – não podemos ignorar – continuam valendo a qualquer tempo.
De quebra, esta edição que tenho em mãos conta com a continuação da obra, que leva o título Expedição noturna à roda do meu quarto – em minha opinião, ainda mais fascinante que a primeira, onde o autor revela a insatisfação com o cotidiano burguês e a constatação penosa das contradições humanas. E como se tudo isso não fosse o bastante para incentivar a leitura de obra tão genial, lanço mão de mais dois argumentos: a tradução de Marques Rebelo e o posfácio do professor da Usp Valentim Facioli.
Agora que já lhes dei os motivos, devo encerrar dizendo boa leitura, ou melhor, boa viagem!
Serviço:
Viagem à roda do meu quarto
Xavier de Maistre
Estação Liberdade
Romance francês
2008, 168 p.
Xavier de Maistre (1763-1852)
